domingo, 27 de setembro de 2009

every time i die - new junk aesthetic


Ao contrário de muita malta que fez beicinho com a mudança de trajectória sonora que a banda tomou no último “The Big Dirty”, eu curti pa xuxu. Acho que o cheirinho a southern lhes assenta que nem uma luva. Neste novo disco levamos com o mesmo tipo de socos do “The Big Dirty” e ainda com uns pontapés projectados pelo mais longínquo “Hot Damn!”, o que poderá agradar a gregos e troianos ou, ingloriamente, a nenhum deles, pelo menos totalmente.
Para o bem e para o mal, há poucas surpresas a notar, isto apesar do primeiro tema tentar sugerir o contrário. Bom tema diga-se. Arrastado, negro e melancólico como nunca se tinha ouvido antes na carreira dos norte-americanos. Mas rapidamente a raiva descontrolada e em estado puro se sobrepõe a tudo a resto. Em relação ao último álbum, há mais partes rápidas e gritadas. Há mais partes melosas e cantadas. Há mais breaks, daqueles pouco óbvios e mais difíceis de enjoar, ressalve-se, para os ninjas darem largas às suas obtusidades. Parece que já os estou a ver. Há mais de tudo. Mas às vezes o mais é menos, e o menos é mais. Comprometeu-se a consistência, cada tema tem pouco a ver com o seguinte, e a identidade do disco acaba por não ser tão vincada como a dos anteriores. É uma manta de retalhos, em que alguns deles são de menor qualidade e de fácil desgaste. Agora, se me perguntarem se o disco é fraco, eu respondo que não, sem hesitar. Antes pelo contrário. O disco é bom, tem algumas malhas que me metem a bombear mais sangue por minuto, que me deixam com vontade de acompanhar os gritos do Keith e emular fúrias parecidas. O entusiasmo é palpável e contagioso. O som continua muito orgânico e dinâmico, como se estivéssemos a ouvir estes temas a serem tocados ao vivo, mesmo à nossa frente. Esse espírito in your face é um dos pontos mais valiosos e um dos que melhor define a banda. Depois, a musicalidade dos tipos continua muitos furos acima da normalidade. O azar deles é que já fizeram bem melhor.

domingo, 20 de setembro de 2009

megadeth - endgame


Sejamos sinceros. A carreira dos Megadeth tem vindo de mal a pior. Acho que só ouvi uma vez na sua totalidade o “United Abominations”, o disco anterior a este. Não creio que aquilo tenha sido uma abominação, mas não andou longe. E só o fiz porque esta é uma banda que muito me marcou nos meus anos mais imberbes, e porque construíram álbuns e canções que ainda hoje venero.
Este “Endgame” recupera um pouco a pica que tinha por estes gajos. Logo pela introdução se percebe que vem dali outra fruta. Parecem mais soltos, mais ágeis e fantasistas. O típico riff de Megadeth não podia faltar com a “This Day We Fight!”, a segunda música do álbum, das mais thrashadas e aquela que traz mais aquele tónico old school à baila. So far, so good.Com a “44 Minutes” vem um tema declaradamente radio friendly, e aqui se perde a fé de um álbum de Megadeth à moda antiga. Se bem que o tema até é bom e catchy, ressalve-se isso. O resto do álbum desenvolve-se numa mescla entre estes dois estados e tempos. Se a fase pré “Countdown To Extinction” está bem presente, a fase pós esse álbum também está e infelizmente, julgo, em maiores quantidades. Nenhuma música é, no entanto, dolorosamente má. São temas que não me deixam de boca aberta, nem com dores no pescoço mas que também não me deixam bocejar, salvo um ou outro momento. De notar o virtuosismo do guitarrista Chris Broderick (ex-Nevermore) que junto com o Mustaine têm duelos de solos do melhor que se fez por estas paragens desde os tempos do Marty Friedman.
No geral este “Endgame” está mais acelerado do que os últimos lançamentos, e, mais importante, está com a veia do bom gosto mais apurada. Desde que o Mustaine reclamou a banda exclusivamente para si e despediu tudo e todos, este disco parece-me o mais bem conseguido. Se é suficiente para a são sebastiana reconciliação com os fãs mais antigos, duvido.

sábado, 12 de setembro de 2009

the black dahlia murder - deflorate


Não engano ninguém ao dizer que este “Deflorate” pode ser visto como um “Nocturnal” versão 2.0. Este álbum é como que uma sequela do anterior, mas ao contrário do que é habitual, esta não fica aquém das expectativas. Dificilmente trará ideias inovadoras. Mas é na capacidade de dar a volta ao texto, olhar para as coisas de maneira diferente e na imaginação que está o ganho desta banda, fugindo a sete pés da repetição à qual o estilo se confinou.
A primeira sensação é de esmagamento. De desorientação febril. A banda embruteceu ainda mais. O extraordinário é que não perdeu o fio à meada do seu sentido melódico e continua uma máquina inventora de riffs pujados de bom gosto e ao melhor estilo de Gotemburgo. Cada tema é uma amálgama dos ditos, ora compassados, ora sombrios, sempre construídos e ordenados de forma bastante engenhosa e atraente. Oiçam a “Necropolis” e venham-me dizer o contrário. Talvez dos melhores exemplares musicais alguma vez criados pela banda. A brutalidade aconchega-se à noite mais vezes que o esperado. “Christ Deformed” surpreende pelo seu espírito diabólico e maligno. É só a música mais negra que estes fizeram. Sempre achei os solos o ponto mais fraco do grupo. Até aqui. Neste registo surgem muito mais fluidos e inspirados e não encaixados às três pancadas como parecia às vezes. A bateria está melhor que nunca e confere um peso aos temas de contornos quase insustentáveis. É uma das principais atracções deste disco, assim como a foi no anterior. Põe-se termo a este festim com uma gentileza bestial. “I Will Return” não está ao nível da “Miasma” para fechar álbuns, mas anda lá perto, o que já é dizer muito.
Este álbum acaba por ser um passo em frente e não um ao lado. Ainda não estão a viver à custa dos rendimentos e ainda não foi agora que lançaram um registo menos inspirado. O gozo que me dá ouvir estes tipos é tremendo e continua intocável. Dia 28 de Janeiro vão estar disponíveis para português ver.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

municipal waste - massive aggressive


Abri a gaveta do armário do meu quarto e tirei uma t-shirt já velha e gasta. Fui até à cozinha e trouxe comigo um six-pack de cervejas. Pareceu-me finalmente estar preparado para as 3 primeiras audições deste álbum. Municipal Waste é sinónimo de diversão e boa música, e não esperava menos que isso deste “Massive Agressive”. No final da 2ª audição cheguei à conclusão que 3 cervejas talvez tivessem sido suficientes.
Municipal Waste é uma das bandas que mais gozo me dá ouvir. Quando “Waste’em All” ou “Hazardous Mutation” tomam lugar na minha playlist, sou rapidamente absorvido para um clima de festa e diversão, onde o tilintar entre canecas de cerveja e o som de riffs estonteantes se sobrepõem constamente.

A abertura do álbum não deixa margem para grandes dúvidas. É o velho Thrash/Crossover que se infiltra pelo nosso pescoço dentro e não deixa a cabeça parar quieta. A primeira faixa - “Masqued by Delirium” - serve como um exemplo da perfeita fusão que os Municipal Waste criam entre o Thrash e o Hardcore, e faz antever um álbum de acordo com as expectativas.
Conforme vamos avançando na audição de “Massive Aggressive” começamos aos poucos a perceber que este é provavelmente o lançamento mais sóbrio da banda. Aquele factor extra de diversão que está presente nos chamados hinos de cada álbum, continua lá, mas agora de uma forma mais subtil e muito menos insistente. Desenvolve-se um tom mais crítico perante a sociedade, e as palavras começam a sair sem estarem envoltas num bafo algo alcoolizado. Cabe a cada um de vós decidir se esta é uma boa ou má mudança, já eu, continuo a achar que este não é o tipo de banda que deve amadurecer com o tempo.
O que as letras perdem em a diversão, o quarteto americano parece ganhar em dotes musicais. A guitarra de Ryan continua a disparar riffs que deixarão muitos thrashaholics com dores de pescoço, a bateria continua a pautar momentos para os “miúdos” do Hardcore soltarem a sua energia, e de forma geral, todo o som da banda parece estar mais harmonioso do que nunca.
No entanto, há que dizer que inovação não é a palavra de ordem deste álbum. Este é um Crossover que não deixa grande espaço para novidades, e como tal, não serão poucas as vezes em que darão por vocês a pensar “eu já ouvi isto em qualquer lado”. Talvez por esta mesma razão, este não é um lançamento capaz de surpreender. Satisfaz eficazmente a sede dos fãs do género, mas duvido que algum dos mesmos se venha efectivamente a apaixonar pelo álbum.

Feitas as contas finais, podemos dizer que “Massive Aggressive” surge como o trabalho mais maduro da banda até data, o que não significa necessariamente o melhor. Por terras lusas, acredito que este álbum servirá como o aperitivo perfeito para o próximo dia 19 de Setembro, data em que os Municipal Waste tocarão em Portugal. Festa à vista!