sábado, 17 de outubro de 2009

doomriders - darkness come alive


Foi amor à primeira audição quando descobri o estreante “Black Thunder”. Nesse álbum cabia de tudo. O feeling blues, a atitude punk/hardcore, o peso do doom, a fúria do d-beat e lá pelo meio umas melodias a fazer lembrar Maiden. Era incatalogável. Era Doomriders. A expectativa sobre o que viria a seguir era por isso mais que muita. Talvez por isso o primeiro contacto com este “Darkness Come Alive” deixe um amargo de boca. Porque nos cai logo a sensação que o disco, por muito que cresça, não consegue ter arcaboiço para suster o fardo criativo anterior.
Para começar aparecem de cara lavada, com uma produção bem mais limpinha e menos distorcida, o que, quanto a mim, não vai com o espírito cru e descomprometido da banda. Apesar de ainda o fazerem, deambulam menos entre estilos e procuram, agora, arranjar um fio condutor que cole pontas soltas e torne o álbum mais homogéneo. Se calhar é a isto que chamam maturidade. Não é que isto seja necessariamente negativo ou positivo. A importância está na forma.
Ao longo de 17 temas (alguns deles são simples interlúdios), há-os bons, mas é difícil encontrar um ou mais que se destaquem imediatamente. “Come Alive” está formatado para ser single. A meiguice e a aparente inocência do som contrastam com a lírica escura de sentido e acabam por tropeçar para um doom que os tipos não sabem fazer mal. O tema “Crooked Path” é o chamado “som do c…”. A música não é propriamente nova (fez parte do Split com Disfear do ano passado), mas aparece aqui com uma roupagem mais bonita e cuidada que retira mais do que acrescenta, mas não o suficiente para que deixe de ser o tema que mais curta no álbum. Sintomático. “Lions” é uma boa surpresa. Tem uma estrutura pouco comum, com o Nate a apregoar “don’t let these fuckers grind you down / don’t let these bastards kill your soul” e a dar a estas frases meio cliché um sentido revigorado. Se todos os momentos fossem como esta tripla, ou lá perto, estávamos muito bem. Não são. O problema é mais grave quando há temas que teimam em não sair da mediania e que acabam por nos passar completamente ao lado. Por esta não esperava eu.
Sendo curto e grosso, o álbum ouve-se bem, mas é daqueles que não vai passar muito tempo na minha playlist. Valha-nos a identidade da banda que permanece intocável e inigualável. O som continua a ser Doomriders de caras, mas apenas isso não é suficiente. Melhor sorte para a próxima.

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