segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

persistence tour 2009 - Eindhoven (parte I)

Dia 29 de Novembro tive oportunidade de marcar presença numa das tours que mais nome tem ganho nos últimos anos por toda a Europa, a Persistence Tour. Muitos dizem, e eu assino por baixo, que não são estes eventos mainstream que definem aquilo que o Hardcore deve ser. Ainda assim, estando longe de casa e com fome de concertos, com apenas 1 hora a separar-me de Eindhoven, dificilmente poderia perder nomes como No Turning Back, Agnostic Front ou Biohazard. À partida já sabia para o que ia, palcos grandes e afastados do público, grades entre o mesmo e as bandas, e sets curtos, maioritariamente compostos por temas de álbuns recentes. A primeira reacção que tive ao chegar ao espaço dos concertos foi abrir a boca de espanto. Esperava uma sala grande, mas nada me fazia antever aquilo que estava a ver. Dentro do mesmo espaço, tínhamos 3 salas distintas, duas onde, alternadamente, decorreriam os concertos das bandas, e uma outra com comes e bebes para todos os gostos, mas infelizmente não para todas as carteiras (nunca levar sandes de casa fez tanto sentido).

O desfile de bandas começou à hora marcada, 3 horas da tarde, com os norte-americanos Folsom a subirem ao palco secundário. Uma novidade para mim dado que nunca tinha ouvido nada destes rapazes. Diria que esta foi provavelmente a banda mais azarada no que respeita à posição no cartaz, uma vez que que após 10 minutos do inicio do seu concerto subiria a banda da casa ao palco principal. Assisti a 3 faixas da banda, e a julgar pelas mesmas, fiquei com pena de não poder ficar para ver a totalidade do concerto. O custo de oportunidade era elevado, No Turning Back ia começar na sala ao lado!

Os já velhos conhecidos dos portugueses, No Turning Back, eram provavelmente a banda que mais me chamava a Eindhoven. Agora que os Backfire! saíram de cena, NTB é provavelmente o orgulho dos olhos daqueles que compõem a cena Hardcore holandesa, e dado que estávamos ainda no principio do dia, não esperava menos que um público com energia para dar e vender. Não me enganei. A jogar em casa, o sr. Martijn não deixou que o tamanho do palco e a distância para o público cortassem por completo o feeling do concerto. Se o público não vem até nós, então temos que ser nós a ir a seu encontro. E assim foi. Muitas foram as músicas em que Martijn desceu do palco, se empoleirou nas grades e cantou em conjunto com o público. Ainda com o concerto na MusicBox de Lisboa deste ano na memória, naturalmente este seria sempre um show que saberia a pouco, mas ainda assim, foi bom poder mexer ao som de algumas (poucas) faixas que compõem dois dos meus álbuns preferidos – “Damage Done” e “Revenge is a Right”. Deu para um pouco de cardio e sentir as primeiras gotas de suor na testa. Sempre bons. Dado que não existiam tempos mortos entre concertos, assim que NTB terminou, pus-me a andar novamente para o palco secundário, mais uma vez para assistir a uma banda da qual nunca tinha sequer ouvido falar.


Tal como Folsom, o som de Last Mile não me pareceu nada de novo, mas também nada de muito mau. O público não ajudou, a apatia estava completamente instalada na sala, e a banda, ainda que com um vocalista cheio de energia, não foi capaz de trazer aqueles que estavam a assistir ao concerto para o espírito desejado. Ainda que me dissesse pouco, o hardcore que se fazia sentir era agressivo o suficiente para me fazer imaginar esta banda a tocar para o seu público na Dinamarca, num ambiente mais intimista, e a criar o caos numa sala. Era hora de voltar para o palco principal.

Cheguei ao palco principal, e estavam já os Walls of Jericho a terminar o seu sound check. Por esta altura deveríamos ter já cerca de 2 mil pessoas a circular pela sala. Quem já viu WoJ, sabe que a dona Candace não deixa a coisa por mãos alheias, e ali, naquele palco enorme, sentia-se nas suas sete quintas. Quer gostem, quer não gostem, esta senhora é um autêntico monstro de palco, e mete a um canto muitos frontmen que por aí andam. Ainda que não seja grande fã da banda, este foi provavelmente um dos melhores concertos do dia. O público aderiu em massa, os circle pits apareciam constantemente, enfim, o ambiente estava como se queria. Num concerto de aproximadamente 30 minutos, a banda tentou mostrar o que de melhor o seu novo álbum oferece, mas de facto, os melhores momentos recaíram sobre faixas construídas há já uns aninhos.

Fora do contexto desta tour estavam os Gama Bomb. Foi-lhes dado um lugar no palco secundário, e dada a boa noite de Thrash a que assisti no nosso Culto em Cacilhas há coisa de 1 ano e pouco, não quis perder a oportunidade de os rever. Devia ter ficado quieto. Foi por demais evidente o quão deslocada a banda estava. Viam-se meia dúzia de cabeleiras compridas a curtir uma thrashalhada regada de cerveja. A mim, faltava-me cevada a correr nas veias para poder entrar no espírito desta metalada, e assim sendo, assisti a umas poucas faixas do “Citizen Brain”, e de longe, enquanto comia qualquer coisa, ainda ouvi umas tantas outras do novo álbum que foi disponibilizado gratuitamente na internet.

Faltavam tocar ainda 7 outras bandas. Stay tuned for more.