quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

black breath - razor to oblivion


Este é um EP que saiu primeiramente em 2008 por força e vontade dos membros dos Black Breath. Recentemente, assinaram pela Southern Lord e o mesmo foi reeditado.

É fácil defender este registo e é ainda mais fácil gostar dele. Então é assim: é retro, é necro-thrash, é death’n’roll, é punk hardcore, é d-beat, É Motorhead, é Entombed, é Discharge, é Black Sabbath. 4 temas e quase 15 minutos de puro deboche musical com riffs do mais cru e contagiante que ouvi ultimamente. É um híbrido, mas ao mesmo tempo bastante simples e straight-forward que não nos dá descanso ao pescoço e nos obriga ao mesmo tempo a fazer caretas de mauzão e a soltar sorrisos de júbilo. A curta duração do EP vê a opção de repetição como uma solução bastante plausível. Impressiona como o som ainda me consegue tirar do sério após audições consecutivas.
Surpreende também função terapêutica que o disco pode desempenhar. Acaba por ser uma fonte de energia e uma óptima maneira de começar o dia. Give it a try.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

the dillinger escape plan - miss machine (2004)

Novo espaço! Para escrevermos sobre aqueles álbuns que veneramos, que sabemos de trás para a frente e que nos marcaram por uma razão ou por outra. É um exercício egocêntrico, recheado de hipérboles, obtusidades e de sensatez vesga, que nos vai dar a sua dose de gozo.

Estávamos numa altura em que lá ia eu, ainda com meia dúzia de pelos na cara, comprar religiosamente a Loud!, a única revista portuguesa sobre Metal e variantes (ainda hoje o faço, com mais pelos, mas menos devoto). A secção de críticas a álbuns recém-lançados era sempre lida com uma atenção redobrada e entusiasta. Os fóruns na net, os que tinha conhecimento, eram imberbes e algo incompletos, assim como os blogs, que em nada se comparam em número em relação aos dias de hoje. Este era, assim, um ponto de passagem útil no que tocava a conhecer novas bandas. Foi assim que me deparei com o “Miss Machine” de uns tais de The Dillinger Escape Plan. O escriba usava com propriedade o termo inovação, e mencionava um leque de estilos que iam, desde o rock, ao hardcore, passando pelo metal progressivo e atmosférico, pelo noise e também pelo jazz. Todos estes termos na mesma crítica parecia-me absurdo.
Mas não havia palavras que me preparassem para o que aí vinha. Foi um abalo nos meus princípios. Não havia regras, não havia um padrão, tudo acontecia ao mesmo tempo e a uma velocidade que me transcendia. Era intenso, violento, e sobretudo esquizofrénico. Fiquei azamboado à primeira, e nem sequer sabia muito bem dizer se tinha gostado ou não. À segunda já o sabia, à terceira fiquei a gostar mais um bocado, e assim sucessivamente, até começar a amá-lo. Comecei a ler nas entrelinhas e, aparte da violência desnudada, havia muitos pormenores a descobrir e um sentido melódico muito mais apurado do que seria de esperar.
Embora não seja, para mim, o melhor álbum deles (sou capaz de gostar mais do “Ire Works”), foi aquele que mais me marcou e que me “abriu” os ouvidos para outras coisas ditas menos convencionais. O artigo da Loud! dizia: “What are we supposed to do? Gostar, inevitavelmente. Porque é isso que se faz quando nos é apresentado um produto completo, capaz de elevar, acima do concebido, o conceito que o nosso humilde conhecimento tem de intensidade e música extrema”. Não o teria escrito melhor.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

persistence tour 2009 - Eindhoven (parte II)

A segunda parte do dia era aquela que trazia os nomes mais sonantes. Já se sentia aquele cheiro a New York do outro lado da sala, e então fui até ao palco principal. O costume, entra o Stigma de guitarra em punho, e o resto da turma de Agnostic Front ocupa os seus lugares no palco. Infelizmente a minha previsão estava certa, foi um set recheado de temas do novo álbum, e pouco espaço sobrou para os clássicos. Ainda assim, deu para muito sing along e matar saudades daqueles pits com pogo à antiga ao som da “Crucified”! The good old classics never get old.

Próxima banda - Death by Stereo. Nunca tinha visto estes rapazes ao vivo, e o pouquíssimo que já tinha ouvido nunca me convenceu. O concerto em nada ajudou a melhorar esta imagem. Desculpem-me os fãs, mas se eu quiser ir ver palhaçadas, vou ao circo. Com 30 ou 40 minutos para tocar, eu, sinceramente, dispenso ter que ver as magnificas provas de talento de um guitarrista que consegue beber uma imperial de penalti. Fazer teatros entre músicas? Epá, não, para mim não dá mesmo. Voltando à música, foi um concerto competente, via-se muita malta a saltar dum lado para o outro, o vocalista, num novo acto encenado, veio até ao público já depois das grades, o que até criou um bom feeling, e quanto a setlist escolhida, não me posso pronunciar pois esta nunca foi a minha praia.

Agora era som para os de barba rija. Napalm Death é o tipo de banda que não me apanham a ouvir num mp3, mas que sempre disse que poderia ver ao vivo a título de curiosidade. Não fiz questão de ir lá para a frente, ou sequer assistir ao concerto todo. De dizer que a sala estava bem composta para ver os ingleses. Demasiado rápido e brutal para mim, maravilhoso para muitos outros que lá estavam. O público aderiu, participou no concerto com pits lá na frente, e no final dava para ver que o pessoal estava satisfeito. Estes definitivamente não eram a minha onda.

À semelhança do que já tinha assistido em Portugal há uns anos, os Evergreen Terrace portaram-se bem ao vivo. Não sendo eu um fã da banda, não vibrei particularmente durante o show, mas ainda assim, dá gosto ver quando o pessoal que realmente gosta da banda tenta dar o melhor de si para trazer um bom feeling ao concerto. Notou-se no entanto o peso da hora de jantar, e talvez daí se explique o bom ambiente no concerto, pois aqueles que lá estavam pareciam realmente ser aqueles que acompanham a banda. Foi um bom show, mas que poderia perfeitamente ter sido trocado por Agnostic Front na sequência de bandas.

Novamente a responsabilidade passava para a velha guarda! Depois do concerto que deram em Corroios este ano, à partida já sabia que as probabilidades de sair desiludido deste show eram imensas. No palco principal estavam os Biohazard. Tendo em conta que não poderia esperar muito, o concerto acabou por ser uma agradável surpresa. Sala agora completamente cheia. Dão-se os primeiros acordes e somos automaticamente transportados para o passado! Tocaram-se temas dos três primeiros álbuns da banda para definitivamente prender o público ao sing along, e reservou-se um quanto tempo para um novo tema que estará para sair brevemente. Momento glorioso foi também a cover de Pantera em nome de Dimebag. Não me lembrava da última vez que tinha ouvido a “Mouth for War”. A prestação dos nova iorquinos terminou como deveria terminar – “Punishment” e a “Hold my Own”. Dos melhores concertos da noite.

O cansaço já se tinha apoderado de mim pela hora em que os Born From Pain subiram ao palco. Basicamente o mesmo que aconteceu em Portugal à pouco tempo. Prestação muito enérgica da banda, música bem tocada, mas como sempre, nada de novo. A parte boa é que em festivais destes facilmente encontramos fãs acérrimos de todas as bandas, e estes geralmente ajudam a dar outra dimensão aos concertos. Foi o que aconteceu.

A noite terminou com os Ignite a subir ao palco. Longe vai o tempo em que dava atenção à banda, e já os tendo visto duas vezes, esta terceira pouco ou nada me motivava. A sala continuava cheia, e sinceramente fui dos poucos a arredar pé antes de o concerto terminar. Fiquei tempo suficiente para ver várias faixas do “Our Darkest Days”, e temas mais famosos como “A Place Called Home”. A entrega em palco é muita, o vocalista tenta sempre passar alguma mensagem, mas sinceramente é uma banda da qual me fartei. Fiquei cerca de meia hora e fui-me embora.

No final do dia, para além de estar completamente estoirado, levava comigo a memória de um dia bem passado. A realidade de festivais quando se está fora, é bem diferente daquela a que me fui habituando em Portugal. Tudo surge em ponto maior, e tudo parece menos familiar. Próxima paragem – Amesterdão, Heineken Hall para ver Dropkick Murphys com Sick of it All. Mantenham-se atentos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

worshipworshipworship!

Porque de vez em quando, vamos ao nosso baú musical e saímos de lá com um sorriso de orelha a orelha.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

stonecutters - christhammer

De volta a este canto depois de paragem bastante forçada, para escrever sobre um dos álbuns no qual ando a matutar ultimamente.
Os Stonecutters eram-me completamente desconhecidos. Mais rapidamente associava o nome a um certo episódio dos Simpsons (how geek is that?), do que a uma banda de música. Diz-se por aí que por alturas do lançamento deste álbum (há coisa de 5 meses), a banda não tinha editora, pelo que o dito foi self-released. Sim, cheira a underground por estes lados.
Isso acaba por se reflectir em muita coisa. O letring do logo podia muito bem ser um esboço de um qualquer puto de 15 anos, inspirado no thrash dos 80. A capa, rústica, a roçar o amadorismo. A produção, pouco famosa. A pose descomplexada e ainda virgem. Tudo isto incute ao grupo um charme que se tornou raro pela corrupção mental, ou simplesmente por força das circunstâncias. A música, essa, torna o álbum um atestado de ignorância a toda e qualquer editora que se preze dentro do género.
Não é fácil emprestar rótulos aos Stonecutters. Sludge, thrash, stoner, progressivo, psicadélico, take your pick. Pensem na agressividade e crueza de outrora de uns Mastodon ou de uns Kylesa e estarão lá perto. Também me deixo levar por influências mais ancestrais, quando dou por mim a relembrar Sabbath e logo a seguir a trautear melodias de Maiden. O disco é todo ele muito metal, se é que me faço entender, com uma atmosfera nublada, com letras sobre bestas mitológicas e pragas anticristãs, mas tal abordagem é feita de modo muito tradicional, como se fazia nos oitenta, o que acaba por torná-lo bastante divertido de se ouvir e funcionar bem entre amigos, copos e fumos.
Uma lição musical, mas também de honestidade, para muitas bandas que vão nesta onda do sludgemetalsouthernwhatever.