
Estávamos numa altura em que lá ia eu, ainda com meia dúzia de pelos na cara, comprar religiosamente a Loud!, a única revista portuguesa sobre Metal e variantes (ainda hoje o faço, com mais pelos, mas menos devoto). A secção de críticas a álbuns recém-lançados era sempre lida com uma atenção redobrada e entusiasta. Os fóruns na net, os que tinha conhecimento, eram imberbes e algo incompletos, assim como os blogs, que em nada se comparam em número em relação aos dias de hoje. Este era, assim, um ponto de passagem útil no que tocava a

Mas não havia palavras que me preparassem para o que aí vinha. Foi um abalo nos meus princípios. Não havia regras, não havia um padrão, tudo acontecia ao mesmo tempo e a uma velocidade que me transcendia. Era intenso, violento, e sobretudo esquizofrénico. Fiquei azamboado à primeira, e nem sequer sabia muito bem dizer se tinha gostado ou não. À segunda já o sabia, à terceira fiquei a gostar mais um bocado, e assim sucessivamente, até começar a amá-lo. Comecei a ler nas entrelinhas e, aparte da violência desnudada, havia muitos pormenores a descobrir e um sentido melódico muito mais apurado do que seria de esperar.
Embora não seja, para mim, o melhor álbum deles (sou capaz de gostar mais do “Ire Works”), foi aquele que mais me marcou e que me “abriu” os ouvidos para outras coisas ditas menos convencionais. O artigo da Loud! dizia: “What are we supposed to do? Gostar, inevitavelmente. Porque é isso que se faz quando nos é apresentado um produto completo, capaz de elevar, acima do concebido, o conceito que o nosso humilde conhecimento tem de intensidade e música extrema”. Não o teria escrito melhor.
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