segunda-feira, 12 de abril de 2010

the chariot + iwabo + the eyes of a traitor - music box, lisboa

À última da hora decidi pôr-me a caminho da Music Box, muito por culpa do que ouvi dizer sobre a actuação dos The Chariot no ano passado no mesmo espaço. Em boa hora.

Primeiro vieram os The Eyes Of A Traitor, banda noviça que desconhecia totalmente. O concerto dos britânicos disse-me que não ando a perder nada. Bastou-me ouvir o primeiro tema para saber todos os outros. Metalcore genérico que outras mil bandas fazem de igual maneira com os mesmos riffs melódicos e com os mesmos breaks cirurgicamente colocados e repetidos. Como é que ainda há quem aposte numa banda deste tipo é que eu não percebo. Pu-los num canto num instante, assim como a grande maioria da assistência que já compunha bem a plateia.

Os iwrestleabearonce são uma banda aparte. Ver uma plateia num impiedoso mosh pit transformar-se para uma pista de dança de uma qualquer discoteca numa questão de segundos, é coisa que nunca tinha visto e muito menos imaginado. Para além do peso embrutecido e respeitável que me espezinhou a cabeça e me estremeceu o corpo, foi esta atitude desconexa e de quase gozo musical ilógico que caracteriza a banda, e que esta transportou para cima do palco, que me fez gostar do concerto. Porque não é apenas pelos blast beats quase impraticáveis e riffs disparatados que o grupo tem o reconhecimento que leva hoje. Não deixei, no entanto, de ficar impressionado com a quantidade de miúdos que lá na frente gritavam as letras de cor junto da menina Krysta, que, por sinal, tem um vozeirão ao vivo que em nada fica a dever ao registo em disco. O palco era só sorrisos por entre esgares de dor e de satisfação. A espalha-brasas e folgazona “Tastes Like Kevin Bacon” terminou a festa em altas, com aquela corneta a anteceder um verdadeiro deslargar colectivo de consciência.

Os “The Chariot” começaram com o pé esquerdo. Primeiro, um problema no microfone do vocalista fez demorar o início do concerto. A tensão acumulada da espera explodiu numa “Teach:” cantada com alma e com o grito “But I refuse to breathe the breath of the failure!” a fazer-se ouvir bem longe dali. Estava o motim instalado. Uma “Evolve” depois e outro problema técnico, desta vez com a bateria, o que obrigou o Josh a um discurso de encher chouriços durante alguns minutos. No fim ninguém se lembrou destes contratempos.
Não estarei a exagerar se disser que os The Chariot foram a banda mais enérgica, intensa (no sentido mais lato do termo) e fora de si para além do que se considera razoável que vi em cima de um palco. O que ali se passou foi um deboche de proporções épicas. Perdi a conta às vezes que o baixista e o guitarrista se lançaram para cima do público, cegamente e/ou convictamente, com os respectivos instrumentos. Enquanto isso, o Josh trepava paredes como se não houvesse amanhã e apregoava lá de cima a sua razão. A troca de papéis entre o Josh e o Jon, deu para ouvir uns acordes da “Seven Nation Army” dos The White Stripes, enquanto este último andava hirto sobre as cabeças do público tal e qual nosso senhor Jesus Cristo que eles tanto adoram, sobre a água. Em cada acorde urgia uma atitude pujante, afirmativa e espalhafatosa. Menção honrosa para o baterista (David Kennedy) que tocava como se a sua vida dependesse da força com que massacrava bombos e pratos. Enfim, pareciam miúdos possuídos a sentirem a sua banda preferida. Sublinhe-se essa paixão. Esta força foi de tal forma contagiante que é uma redundância dizer que o povo imitou-os na plateia. Aliás, o público português parece ter caído nas graças do grupo, arrisco dizer, muito devido ao concerto do ano passado, o qual mereceu até uma alusão especial por parte do Josh. Esta anarquia em ponto pequeno rolou durante cerca de 40 minutos e acabou em beleza com o público em cima do palco, ao som da “The Deaf Policeman”, numa comunhão entre todos como já não via há muito.

Se alguma vez alguém vos vier com adjectivos hiperbólicos e mirabolantes sobre um concerto dos The Chariot, muito provavelmente esse alguém não vos está a pregar nenhuma mentira, por muito que vos possa parecer. Quando cá voltarem, a minha presença é-me impreterível.

1 comentários:

Anónimo disse...

Epa, não gostei nada do teu comment aos TEOAT, mas pronto. São opiniões mas penso que te precipitaste um pouco em relação a eles. Ou então não deves gostar de Metalcore, que é o mais provável.

BTW, granda concerto! =)

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