quarta-feira, 8 de julho de 2009

poison the well - the tropic rot


Que os Poison The Well não sabem fazer maus álbuns já eu sabia. Não fiquei surpreendido, por isso, com a qualidade demonstrada neste novo registo. Quem queria um regresso ao passado mais longínquo da banda, pode esperar pelo próximo. Musicalmente, segue o trilho aberto pelo anterior “Versions”, mas, a meu ver, é incapaz de ultrapassá-lo.

Não quero dizer com isto que seja um álbum a descartar. Bem pelo contrário. A sensibilidade destes tipos para fazer boas canções contínua pouco vulgar e é no fundo isso que me prende à banda. O disco começa agressivo o quanto baste. A instável e perigosa mood do vocalista leva a reboque a inicial “Exist Underground”. No tema “Cinema”, com um riff do mais viciante e inspirado que aqui podemos encontrar, temos até direito a blastbeats. Dos melhores momentos aqui registados. As já habituais partes melosas marcam presença a contrabalançar, muito bem diga-se, os rasgos de fúria. Mais de 10 anos e ainda tudo é sentido. Admirável a agilidade vocal do Moreira, narcísico ao ponto de muitas vezes esmiuçar o protagonismo dos restantes elementos. As músicas sucedem-se, entre momentos insanos e outros até semi-acústicos, mas sempre num campo onde o sentido melódico apurado faz mossa pela sua rara beleza e fluidez. Como é hábito, a produção enjoa de tão simpática e certinha, mas tem a virtude de sublinhar a torrente musical como um todo, bem como revelar pormenores que à partida não se mostravam. Este tipo de detalhes acaba por fazer as delícias de quem os procura e também prolongar a longevidade do álbum.

Os Poison The Well continuam a sua jornada mais ou menos solitária nestes campos do Post-Hardcore. Eu nem deveria estar a usar rótulos para falar verdade. A identidade por estes criada já os tornou irrisórios. Acabo a pensar que este álbum não vai adiantar muito à carreira da banda, mas que, ainda assim, consegue ser melhor que 95% das coisas que se fazem dentro do género.

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1 comentários:

Ema disse...

ainda não ouvi o álbum, vou esperar até outubro para o fazer (é a minha banda favorita e sei que não me cai bem no verão ahah), mas realmente concordo com o último parágrafo desta review.

o que me fará comprar este álbum será mesmo a capacidade de eles se reinventarem e manterem-se distantes de todas as modas que por ai andam, porque sei que nunca mais voltarão aos tempos do Opposite of December...mas é boa música é o que interessa.

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