domingo, 12 de julho de 2009

alive! 09 - 9 de junho

Que se calem os eternamente insatisfeitos e comichosos. Este foi o melhor cartaz de metal mainstream que me lembro ver pisar territórios lusos. Um quinteto de bandas norte-americano de luxo, acompanhado por uma histórica banda do metal nacional puseram mais de 40 mil mânfios, a uma Quinta-feira, a destilar sangue, suor e sorrisos.

Há hora marcada os Ramp estrearam as colunas, e até que me pareceu um bom início para o festival. Para uma banda que anda à procura de um novo fôlego, acho que este concerto caiu que nem ginjas. Temas como “How”, “Black Tie”, ou “Hallelujah” ainda me metem a mexer, e a resposta por parte do público foi maior do que a que estava à espera, também muito por culpa do Rui Duarte que continua igual a si próprio. Pouco tempo de antena deram ao novo álbum e doutra forma acho que se tornaria um concerto mais chato. 30 minutos e estava feito. Nota positiva.

O concerto dos Mastodon foi mais ou menos o que tinha em mente. Bom, mas nada de arrebatador. Realmente as músicas do novo álbum são talhadas para espaços fechados e mais intimistas e não para monstruosidades como o de ontem. Começaram precisamente pela “Oblivion” do “Crack The Skye” mas não seguiram para a “Divinations” como seria mais óbvio e andaram antes a saltar de álbum para álbum. Aquela bateria inicial da “Wolf Is Loose” é sinónimo de desatino, assim como o riff da “Blood And Thunder”. O Brann Dailor (baterista) é mel para os olhos. Impressionante. Por outro lado, as vozes limpas exigem um esforço algo desconfortável aos 3 que cantam, e que nem sempre é recompensado. Acabaram muito bem em tons pesadões e com o festival de melodias da “March Of The Fire Ants”. Quase não falaram durante os pouco mais de 40 minutos de actuação, e os tipos até me pareceram aborrecidos com o facto de tocarem tão escasso tempo. Fico à espera que venham cá em nome próprio, até porque gozam por cá de popularidade mais que suficiente para tal.

Lamb Of God foi um sobressalto do princípio ao fim. Um manifesto de porrada e amor que me divertiu à grande. Logo na Intro se sentia a testosterona acumulada, e quando chegamos àquele ponto em que ser esmagado contra corpos porcos e suados nos rasga um valente sorriso, está tudo dito. Começaram com os 3 primeiros temas do último álbum, “Wrath”, para não mais lá voltar, e acho que ainda bem. Já o facto de tocarem apenas a “Ruin” do “As Palaces Burn” foi uma semi-desilusão. Para mim, que o considero o único grande álbum deles, é um bocado descabido não ter uma maior atenção na setlist. No entanto, “Walk With Me In Hell” e “Redneck” foram rijos o suficiente para me fazer esquecer desse grande pormenor. A banda parecia igualmente entusiasmada com o que via, com o Randy a aproveitar cada centímetro do longo palco. A terminar, a ansiada e previsível “Black Label”, com um wall of death à mistura, a dar a machadada final sobre figuras que mal se aguentavam em pé. Ainda hoje o meu corpo lateja à conta disto.

Semelhante barbárie esperava-se em Machine Head, por isso havia que respirar fundo. Sabia de antemão que dificilmente ultrapassariam o show do ano passado, facto que se verificou, muito por culpa da setlist consideravelmente mais fraca. Começar com a “Imperium” é-me poesia da mais astuta, mas deixar de fora “Clenching The Fists Of Dissent” é um equívoco gramatical criminoso. Aparte disso, foi um concerto a todo o gás e que passou por mim a voar. Circle Pits eram ao pontapé, a pedido insistente do Flynn. Nuvens de poeira adensavam-se em frente ao palco em forma de ponto de exclamação. “Halo” reclamou por cânticos e foi correspondida. Um bocado abatido pelo cansaço, lá dei largas ao pescoço na “Davidian” a finalizar um muito bom concerto mas que só encheu todas as medidas a quem nunca os tinha visto.

Porque também preciso de alimento, acabei por ver Slipknot não tão perto quanto queria. Estes gajos nunca foram a minha praia, mas sou o primeiro a admitir que dão bons espectáculos ao vivo, até porque já os vi antes. Para surpresa geral, a maioria das músicas foram do primeiro álbum. “(sic)”, Wait And Bleed”, e a fechar “Spit It Out”, com a célebre cena do jump da fuck up, foram dos temas mais transpirados. Foi portanto um concerto que deverá ter feito recuar muita gente aos tempos em que o Nu-metal era moda. Ok, a ser sincero, não tenho saudades.

Com parte das forças retemperadas, lá enchi o peito para ver Metallica pela quarta vez. A intro “Ecstasy Of Gold” ainda me arrepia, apesar de tudo. Sim, sou fanboy, so what? Aos primeiros acordes da “Blackened”, uma explosão de metalhorns e de cânticos em uníssono. “For Whom The Bell Tolls” seguiu-se para que ninguém se calasse, e a primeira surpresa, “Holier Than Thou”, até que funciona bem ao vivo. Apesar do inicio ter sido acelerado, aqueles que vão ver Metallica à espera de um concerto de Thrash andam um pouco aluados. É verdade que o grupo tem mais que reportório para isso, mas a idade pesa e não é pouco. O Lars já mal se mexe e frequentemente precisa de descanso. Já o James é a alma da banda. Com 25 anos de palco, foi buscar o cinto de balas ao baú e portou-se com a paixão de um puto agora a começar. Por outro lado, são muitos anos a virar sardinhas, e o tipo parece-me cada vez mais à vontade no papel de frontman. Como era de esperar, foi dada a devida atenção ao último “Death Magnetic” com 4 temas, dos quais apenas a “All Nightmare Long” conseguiu uma resposta do povo à altura dos temas mais antigos. A previsibilidade começa a ser um problema. O pessoal quer os clássicos, e os homens fazem-lhes a vontade, mas depois há pouca margem de manobra para inventar novas setlists. Ainda assim, “Fight Fire With Fire” arregalou-me os olhos e lá incendiou uma parte do público que parecia já estar à espera do vale dos lençóis. O encore acabou por ser dos momentos mais festivos do concerto. A misfitsiana “Die Die My Darling” abriu a goela a milhares como se uma original da banda se tratasse, e o “Kill’em All” estreou-se finalmente com a rebelde “Whiplash”. Acabava-se com a obrigatória “Seek and Destroy” e com um grito de união que suplantava a vontade das colunas. Conseguiu ser melhor que o ano passado, o que não era difícil, diga-se, mas não chegou perto da brutal e sublime actuação de 2007. Mas essa não merece ser sequer comparada.

Feitas as contas e lambidas as feridas, foi mais um dia de festa e comunhão para muitos metalheads e não só. Para outros, não terá sido bem assim, mas esses levam-se demasiado a sério e preocupam-se com pouco. À saída, a dor do corpo foi ofuscada pela satisfação da alma.

2 comentários:

dxvolt disse...

Excelente artigo.

METALLICA principalmente e depois Mastodon, Ramp e MH fizeram o meu dia, o melhor festival a que ja assisti.

Valeram bem os 50€.
\m/

Vanessa disse...

slipknot!!!!!

Enviar um comentário