terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

dropkick murphys + soia + the mahones - heineken hall, amsterdam

Lembro-me de há uns meses a esta parte, ter sido pedido num fórum o top 5 de bandas que mais gostaríamos de ver ao vivo. Pois bem, há dois dias tive oportunidade de ver uma dessas 5 bandas – Dropkick Murphys.
O dia passou-se pelas ruas de Amesterdão a espreitar para várias montras de ténis, a beber umas imperiais, e como não poderia deixar de ser, com uma paragenzita nas tradicionais coffeshops. Ao cair da noite, tive pela primeira vez o prazer de ir até ao Heineken Hall que fica apenas a uns metros da Amsterdam Arena. Uma venue no mínimo impressionante, não só pelo espaço, mas pelo modernismo da infra-estrutura no seu interior. Após os primeiros 2 minutos de espanto perante o espaço do concerto, comecei a reparar no quão diversificado era público que ali estava presente. Casais quarentões, estudantes, punks, rapaziada do hardcore, rockabillies, pseudo-piratas, velhos de sotaque irlandês, jovens de kilt, e infelizmente, uns quanto skinheads duvidosos já com álcool em excesso a correr nas veias. Um público para todos os gostos que parecia reunir as condições necessárias para uma noite de festa.

A noite começou com os The Mahones a darem o primeiro gostinho da sonoridade irlandesa com o seu folk rock. Engraçado o suficiente para entreter durante 30 minutos. Tal como ouvi alguém a meu lado dizer, um som “way too mellow”. Público pouco ou nada se mexeu, algo que não me preocupou em demasia pois havia ainda muita gente a entrar, e claramente esta não era a banda pela qual as pessoas ali estavam.

As coisas íam mudar agora. Desta vez tinhamos o bom velho hardcore nova-iorquino. Sick Of It All (SOIA) subiram ao palco para finalmente dar um boost no público que ali estava. Ao contrário do que eu esperava, este foi um óptimo concerto. Um set recheado de temas da velha guarda, salpicado aqui e ali com uns mais recentes, e ainda com o bónus de uma faixa que estará para sair no novo álbum. Há já uns anos que não via a banda ao vivo, e já quase me tinha esquecido que estes senhores sabem realmente o que fazem quando estão em palco. Não estando nem de perto nem de longe a tocar para o seu melhor público, os SOIA foram bem sucedidos em meter o público a mexer dum lado para o outro. Tivemos pogo constante, circle pits, walls of death, e umas quantas tentativas frustradas de crowd surf. Durante o concerto houve ainda oportunidade para uma amiga subir ao palco e partilhar o microfone com o vocalista durante um tema. Um excelente concerto que sem dúvida ganharia outra dimensão se estivesse inserido noutro cartaz.

Mais interesse despertava o concerto que se adivinhava. Demorou até que os Dropkick Murphys subissem ao palco. Entre sound check e perfeccionismos, o público aquecia as gargantas – “LET’S GO MURPHYS! LET’S GO MURPHYS”. As luzes descem de intensidade e um foco ilumina um dos membros da banda em kilt e de gaita-de-foles em punho. Passa um minuto e entram todos os outros em palco. Ouvem-se os primeiros acordes e rapidamente estamos no inicio da carreira da banda – “Do or Die”. Não sei se será apenas uma tradição estúpida holandesa, mas assim que a música começou viu-se uma infinidade de copos de cerveja a serem projectados para o ar, o que a mim não me pareceu ser uma ideia genial. Agora num ringue de patinagem o público ia saltando ao som de temas dos primeiros álbuns da banda. O álbum mais recente da banda foi introduzido com a “State of Massachusetts”. Passados 15 segundos estava já perdido num mar de pessoas simplesmente a deixar-me levar pela corrente. O set estava montado de forma inteligente, fazendo uso da energia dos dois vocalistas e dando o devido descanso ao público. Na sala estavam entre 3500 a 4000 pessoas, que se mostraram incansáveis no apoio à banda durante cerca de 1 hora e 30 minutos de concerto. Já no perto do final, e em completo clima de festa, a banda chamou o público para o palco. Eu que nem gosto destas macacadas deixei-me levar pelo espírito e tive entre a banda e mais uns 50 elementos do público em palco, a saltar e a dançar dum lado para o outro. Surreal olhar do palco e ver 4000 pessoas à nossa frente. Um final excelente, mas não perfeito. Comigo levei a mágoa de não ter visto um início ou um final à la “Saint Patrick’s Day” com a “For Boston”.

Voltei para casa cansado, dorido, de ténis desfeitos, a escorregar no gelo dos passeios, e com um sorriso parvo na cara, daqueles que os miúdos fazem quando acabam de receber um presente que ansiavam há anos. Próximo Domingo, de volta a Amesterdão para Municipal Waste! Stay tuned!

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