domingo, 14 de fevereiro de 2010

municipal waste + victims + reproach - melkweg, amsterdam

Não sei o que é pior. Se o concerto começar atrasado ou adiantado. Quer dizer, sei. Zaterdag 6 Februari 2010 20:00 uur, vinha no bilhete. Entrei no espaço precisamente a essa hora e os Victims começaram a tocar. Sem perceber muito bem porquê, a oportunidade de ver os Reproach foi de avião. Não conhecia a banda, mas pelo pouco que ouvi por aí parecem-me uns Mr. Miyagi da Bélgica. Fica a referência à falta de melhor para dizer.

Vamos aos Victims. O último LP destes suecos rodou por aqui algumas vezes e embora nunca me tenha entusiasmado por aí alem, entreteve-me cada vez que o ouvi. Foi essa a reacção que tive ao concerto. Embora o crust e d-beat meets Motorhead do grupo pudesse dar azo a um ambiente mais movimentado e alegre, a malta holandesa pouca atenção lhes deu, e bem pelo contrário, sentiu-se alguma indiferença e até desprezo pelo que acontecia em cima do palco. Não minto se disser que eram mais aqueles que falavam entre si do que os olhos que se dirigiam à banda. E sim, a proporção é de 1 para 2. Não obstante, o grupo deu o litro à mesma, pouco comunicativo é certo, e manifestamente com a falta de um tema daqueles capazes de puxar pelo mais macambúzio dos espectadores. Neste caso, muitas bandas deste tipo de sonoridade utilizam uma qualquer cover para arribar o pessoal, naquilo que muitas vezes é o turning point do concerto. Nada disso se sucedeu, e a actuação acabou por ser muito linear de princípio a fim.

Não se teve que esperar muito para os Municipal Waste tomarem de assalto o recinto que, não estando à pinha, estava muito bem composto. Talvez 500 pessoas leve esta sala do Melkweg, excelente espaço que arrisco dizer, seria um luxo em Lisboa. O caos foi instantâneo e cedo tomou proporções bárbaras entre a plateia. A resposta do público aos temas destes gajos é uma coisa verdadeiramente insana, que ultrapassa qualquer barreira do racionável. Aqui não houve tréguas. O pit era um cenário de guerra, via-se sangue a escorrer por caras alheias e também alguns comportamentos menos dignos e pejados de testosterona e quiçá esteróides, a ver pelo “cabedal” de alguns. Para piorar, as cervejas voadoras, já outrora mencionadas e que tanto os holandeses parecem gostar, fizeram um ataque cerrado sobre o campo de batalha, tornando-o ainda mais arriscado. Neste capítulo, o povo português ganha aos pontos. Em Corroios houve menos porrada ao desbarato e mais circles incansáveis e com o mínimo de ordem, e, por conseguinte, um ambiente muito mais festivo e saudável. Mas não só aí ficamos a ganhar. Tal como quando passaram por cá, esta era a última data da tour, e quando comparo uma actuação com outra, é fácil decidir-me pela qual gostei mais. Longe de os achar murchos e muito menos de achar o concerto morno (não há hipótese de isso acontecer num concerto de Municipal Waste), senti-os um bocado em piloto automático e numa de fazer os mínimos e ir para o bar beber umas. Os apenas 40 minutos de actuação corroboram de certa forma a minha visão. Tudo bem que pedir uma hora de pura descarga bestial a estes tipos é esticar a corda, mas penso que cá estiveram lá perto. Tirando esse “pormaior “ do caminho, vibrei e hei-de vibrar sempre ao sentir ao vivo o estalo de adrenalina de uma “Unleash The Bastards”, sorri e hei-de sempre sorrir perante a festa que é uma “Beer Pressure”, dancei e hei-de sempre dançar quando ouvir a folgazona “Sadistic Magician”, e gritarei outra vez “Municipal Waste is gonna fuck you up!” com aqueles que me estiverem a acompanhar na altura.
Porque há que espantar demónios e maus olhados.

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