sexta-feira, 21 de maio de 2010

metallica + volbeat + high on fire - lisboa, 18 de maio

Era a quinta, mas a primeira vez indoor. E com um tal de palco 360 graus.

Não sou um fanboy de High On Fire, longe disso. É uma banda que oiço e gosto. Umas vezes bate-me mais do que outras. Estava curioso para sentir ao vivo aquele peso cru e aquele thrashy sludge apodrecido, mas fiquei desiludido com as condições míseras dadas à banda. O som foi vergonhoso. A bateria mal se ouvia. Guitarra pouco perceptível. Só lhes foi permitido utilizar metade do palco e por isso tocaram de costas para metade da audiência. Trinta minutos e estava despachado. Enfim, mereciam melhor. Eles e os poucos que lá estavam para os ver. Mesmo assim deu para ver o virtuosismo dos três e sentir alguns dos temas do recente “Snakes For The Divine”. Fiquei parvo com o baixo e passei a maior parte do tempo a fisgá-lo, coisa que não é costume. Dadas as circunstâncias, a atitude do grupo foi exemplar. Mas eles bem sabem que aquilo não foi mais que uma amostra de concerto.

A presença dos Volbeat neste cartaz só tem uma justificação possível. São dinamarqueses e o Lars gosta de ser mandão. O que tinha ouvido antes do concerto foi-me medonho. Qualquer coisa entre o metal, o punk popularucho e o rockabilly com uma voz do piorio. Ao vivo ganham outra dimensão. A entrada dos tipos foi impetuosa e enérgica, e agora com todo o palco disponível, conseguiram mexer com o público. Mas cedo começou a cansar. As músicas pareceram-me todas muito similares e a descair para o azeiteiro, e até a repetição incessante do pedido da praxe do “make some noise” (não me lembro do gajo ter dito muito mais que isto durante todo o concerto) me começava a irritar. E aquela voz… A parte que mais gostei foi o riff da “Raining Blood”. Nem colhões tiveram para a tocar por completo.

Os Metallica não sabem dar maus concertos, por muita volta que se dê ao texto. Ter um público rendido à partida ajuda, mas, para mim, o factor diferenciador é mesmo o James. O homem é a essência da banda ao vivo, tem uma presença e um carisma desmedidos, e goza de uma empatia única com o povo. É o jogo do rei manda quando abre a boca.

Ainda a promover o “Death Magnetic”, o peso deste na setlist foi maior do que qualquer outro, com cinco temas ao todo. Começaram tal e qual o álbum com a “That Was Just Your Life” e a “The End Of The Line”, que saíram embrulhadas, muito por culpa da qualidade do som, mas daqui para a frente estabilizou para padrões aceitáveis se pensarmos que estávamos no PA. Seguiram-se algumas pérolas menos habituadas ao palco como o são a “Ride The Lightning” e a “Through The Never”, e até mesmo a recente “My Apocalypse” que funcionou muito bem e cuja pedalada o Lars até aguentou como um homenzinho. A “Fade To Black” é sempre um momento alto quando tocada, desta vez com um sentimento especial por ter sido dedicada ao Ronnie James Dio. Arrepiei-me. A “The Four Horsemen” para mim era obrigatória de cada vez que cá viessem. O único ponto que me resfriou os ânimos foi a “The Unforgiven III”, que eu acho mazinha e uma falta de respeito para com as outras duas.
O palco no centro do pavilhão tem tanto de bom, quanto de mau, pelo menos para quem esteve na plateia, mas acabei por gostar até pelo facto de ser diferente. Dá-nos a possibilidade de estar ali a poucos metros dos tipos sem que nos esmaguem entretanto, mas também há alturas em que não existe ninguém para olhar, apesar do esforço da banda em ter sempre um elemento em cada frente de combate.
O concerto lá prosseguiu com os habituais hits e entusiasmo exacerbado. Surpresas só mesmo no encore. A cover de Queen, “Stone Cold Crazy” e uma “Phantom Lord” inesperada e brutal que eu e mais meia dúzia de gatos-pingados cantámos até ficar sem voz. Tempo ainda para o filho do James subir ao palco e ouvir 20 mil gargantas cantarem-lhe os parabéns e para um intruso do público subir ao palco e dar uns toques na bateria do Lars, com consentimento do próprio. Acabou-se com a finisher “Seek and Destroy”, com as luzes acesas e com dezenas de bolas de praia a caírem sobre a plateia, o que deu um colorido diferente a um final mais que previsível.

O concerto acabou por superar as expectativas. O facto de ser indoor, não é, certamente a isso alheio. A ligação e a afinidade músicos/público são ampliadas, e ter um pavilhão daqueles cheio a cantar em uníssono, é algo que mete respeito. Mas não superou aquela coisa mágica de 2007.

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