quarta-feira, 19 de agosto de 2009

burnt by the sun – heart of darkness


Sempre fui um bocado avesso ao regresso de bandas após um período de separação, por, na maior parte das vezes, haver um factor financeiro a si associado, e/ou pelas expectativas relativas à qualidade da ressurreição serem geralmente goradas em grande escala. Pelo menos em relação ao último ponto, nada disso aqui se passa.

Em 1999 formavam-se os Burnt By The Sun. Elementos dos saudosos Human Remains, entre eles o actual baterista de Municipal Waste e de mais 1000 bandas, juntam-se com mais uns rapazes para um novo projecto que cedo deu nas vistas. Sol de pouca dura. Dois álbuns e 5 anos depois separam-se. Voltam em 2007 para um Split e agora para o primeiro álbum a seguir à reunião.
Embora a banda tenha firmes raízes no Hardcore, confiná-la ao estilo é bastante redutor. Aqui tem-se direito a um banquete de Metalcore de crescer pelos no peito, e não aquele estereotipado, com refrões limpinhos e enjoativos, vozinhas amaricadas e breaks para disfarçar a falta de imaginação, que acabou por manchar o género. A isto junte-se-lhe as habituais pitadas de Grindcore , e tem-se um repasto de encher os ouvidos mais esfomeados.
Basicamente isto destila raiva por todos os poros. Partes mais dançáveis e outras mais aceleradas que vão do Grindcore ao puro Thrash formam canções brutais, enérgicas e com um Groove poderoso que não pisa o risco de tornar o som demasiado plastificado.
Os riffs man, os riffs!
É uma máquina demolidora que vem na nossa direcção quando a “Inner Station” irrompe. Bate-nos na fuça e leva-nos à frente durante uns 30 minutos, sem direito a paragens para descansar. “F-unit”, perversa até à medula, titubeante mas pesadona vai martelando a nossa cabeça a seu bel-prazer. Oiçam a “There Will Be Blood” e tentem não abanar a carola. Apaixonei-me por ela. “Goliath” faz jus ao nome. É tudo bom, muito bom aliás, e é também nessa consistência de padrões e na fluidez de todo o processo que reside a excelência deste disco.

“Heart Of Darkness” faz maravilhas pela alma. Quem quiser desligar deste mundo , e entrar noutro onde pode deitar todas as suas frustrações para o lixo, tem aqui um lugar para o fazer. O álbum tem uma força magnética a este ponto. Se esta não é das bandas mais subvalorizadas que aí andam, então não sei o que é.

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