quarta-feira, 5 de agosto de 2009

process of guilt - erosion


Querem uma banda portuguesa capaz de rivalizar com o melhor do que se faz no género a nível internacional? Ei-la. E, não, não costumo cair no erro de hiperbolizar as coisas só por serem nacionais. Este é só o melhor álbum de Doom/Death que ouvi este ano.

Quando se estrearam, em termos de LPs, com o surpreendentemente excelente “Renounce”, muitos se apressaram a augurar um futuro mais que risonho para estes eborenses. Passaram-se 3 anos desde então, e a notoriedade ganha, dentro e fora de portas, não faz jus ao potencial da banda, nem pouco mais ou menos. É ainda mais estranho quando as reviews foram unânimes em considerar o álbum admirável para uma banda que agora se estreava, e quando até a Terrorizer lhes deu honras de figurar nas suas páginas. Não vou estar aqui a discutir as razões para o sucedido, mas dado o contexto, este “Erosion” vislumbra-se importante para voltar a ganhar fôlego e alcançar objectivos atrasados.
É palpável a evolução e o amadurecimento da banda. Embora o registo não seja muito diferente (nem tinha que ser) do seu antecessor, nota-se uma dilatação de outro tipo de sonoridades sem que se perca nem um bocadinho daquela coisa chamada identidade, e uma maior consistência e estabilidade do álbum se visto como um todo. A viagem faz-se em passos lentos, exactos e contemplativos, e é de uma acalmia pós-apocalíptica. Melodias surgem naquele cantinho onde o tenebroso e a beleza acasalam e procriam. Linhagem com um historial de problemas cervicais, dada a sua apetência para o profundo headbang. Para nos fazer recostar, o Post-Rock, ou o Post-Metal, ou whatever, faz aparições mais compridas que o esperado, logo contrabalançadas por dolorosos momentos de peso que nos deixam a rastejar em terra árida, tal e qual vale alentejano.

Ao longo de seis temas, e de sensivelmente 55 minutos, o nível teima em manter-se altíssimo. O que falta em pormenores técnicos sobra em capacidade para compor, e sobretudo em sentimento. Uma banda que tem tudo para tornar-se de culto e, sem dúvida, uma das melhores cá do burgo.

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