

Ouvi maravilhas sobre Mono ao vivo. Gosto anormalmente da banda, se tiver em conta o género de música que toca. Há poucas bandas estritamente de post-rock que me levam a ouvi-las mais que uma vez com atenção. No entanto, os Mono devem ser o grupo do estilo que mais me puxa, se excluirmos Godspeed You! Black Emperor. Há aqui qualquer coisa que me parece especial.
Despache-se o negativo. Tendo em conta que os dois guitarristas passam grande parte do concerto sentados, que a baixista ainda os imita quando vai tocar piano (que eu não cheguei sequer a perceber se estava no palco), e que eu não estava nas duas primeiras filas da plateia, houve alturas que estava a olhar para um palanque vazio. O MusicBox nunca será um espaço apropriado para

Foi dada natural primazia ao último álbum, que durante muito tempo fez parte da minha playlist e agora voltou. “Ashes in the Snow” e “Burial at Sea” iniciaram a massagem cerebral de uma hora e meia. Os contornos emocionais e poéticos do som dos Mono, ganham ao vivo uma extensão que os agiganta para patamares memoráveis. Este concerto foi um salto para o meu lado fraco e susceptível. Foi de livre vontade que fiquei desarmado, dormente a ponto de me desequilibrar (literalmente), num estado que se podia confundir com o sonambulismo. Via no palco (quando dava) músicos genuinamente egoístas. Tocavam para si, como se fosse a primeira vez, entregavam-se ao que ouviam e sentiam aquilo que completavam. Pedir mais é abusar da sorte. As explosões após os crescendos batem com um peso e intensidade agradavelmente profundos, mas nem por isso me acordam do meu ser paredes feitas entre o sono e o encanto. Um instante depois e estava a dar as palmas de despedida.
A casa esgotada um mês antes é plenamente justificada. E sim, eles têm algo de especial, que disfarça a evidente repetição da fórmula estrutural de algumas músicas. A seu favor têm a criação de momentos absolutamente sublimes capazes de me arrepiar nos meus dias mais insensíveis. Até breve, Mono.
2 comentários:
wow, esta review é de peso. muito boa escrita, e muita inveja de ter perdido isto.
É, de facto, algo que merece ser sentido. Dados os dois concertos esgotados em poucos dias cá no burgo, é bem possível que cá voltem. Noutro espaço, com outras condições, espero.
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