domingo, 14 de março de 2010

rebellion tour 2010 - essigfabrik, colónia

Cheguei a Colónia por volta das 3 da tarde. Em 10 minutos encontrei o hostel onde ia passar a noite, subi para vestir algo mais confortável, e fui dar uma volta pela cidade para conhecer um pouco das zonas turísticas. Eram perto das 6 da tarde quando peguei no meu rudimentar Google Map e me encaminhei para o local do concerto. Depois de cerca de 40 minutos a andar, dei por mim numa zona industrial do outro lado do rio. Quando comecei a achar que me tinha perdido, vejo um enorme grupo de pessoal reunido à porta de umas das fábricas. Tinha finalmente encontrado a Essigfabrik, sala onde dentro de instantes tomaria inicio mais uma noite da Rebellion Tour. A heterogeneidade reinava por aqueles lados. Grupos de pessoal da velha guarda, putos novos de mochila as costas, muita malta a exibir orgulhosamente o seu X na mão, e por fim uns quantos casos isolados, tal como o meu, que vieram de outro país na esperança de passarem uma boa noite. Também engraçado, foi o facto de estar uma pequena tenda montada à porta da venue, com pessoal a vender uma tal de Vegan Fast Food. Tendo em conta os graus negativos que se faziam sentir, a ideia de uma sandes quente era, no mínimo, apelativa. Numa agradável surpresa, os 3 euros que gastei na sandes, mantiveram-me satisfeito para o resto da noite. Boa onda! Ainda que vincado pelo mainstream do Hardcore, este era um line-up que eu dificilmente poderia perder. Pica a montes para ver pela primeira vez Cruel Hand, a esperança de um concerto de Terror oposto ao que vi em Portugal no último ano, e por fim, as saudades de voltar a ver a banda que provavelmente mais me marcou – Madball – foram motivos mais que suficientes para fazer esta pequena viagem até à Alemanha.

A noite começou com os The Setup, a única banda europeia nesta tour. Da minha parte, posso dizer que desconhecia o som da banda, e pelo que vi, os alemães também não me pareceram ser grandes fãs. O som pareceu-me cansado, não acrescentando muito àquilo que a generalidade do pessoal conhece. O resultado foi um vocalista a pedir insistentemente o apoio do público, sendo apenas correspondido por um super ninja que aproveitou o espaço que ainda havia na frente para dar umas piruetas, uns mortais, e uma quantidade ridícula de acrobacias que ele para lá fez. Para mim, a noite iria começar de seguida.

Cruel Hand. 2-step, 2-step!
É ridícula a quantidade de vezes que já ouvi os albúns destes rapazes. Assim que a guitarra deu o primeiro acorde foi impossível não ir lá para a frente curtir. “House Arrest” abriu as hostes, seguida de imediato pela “Life in Shambles”! A energia que o vocalista tem é um completo disparate, e rapidamente essa energia se começou a transmitir para o público. Ainda que a adesão não tenha sido em massa como se verificou nos concertos que se seguiram, não foi preciso muito para o espaço na frente se transformar numa pista de dança para o pessoal que, tal como eu, sente o som desta banda. Sides-to-side, slam dance, e muito, muito 2-step. Com muita pena minha, a banda não tocou mais de 35 minutos, o que ainda assim, foi suficiente para cobrir uma boa quantidade de temas dos dois álbuns. Como disse e volto a repetir, este é um concerto que fica marcado sobretudo pela energia e intensidade com que o vocalista vive o momento. Brutal! Melhor só com uma sala mais pequena e um ambiente mais familiar. Espero poder vê-los de novo.


Death Before Dishonor. Sing-along!
Impressionante a quantidade de fãs que esta banda de Boston arrasta. Do inicio até ao fim, houve sempre pessoal colado ao palco a cantar todas as letras da banda. À semelhança do que aconteceu na última vez que os vi no Tuatara em Alvalade, o concerto abriu com a Intro e respectiva continuação – “Count me in”. O moshpit agitou e de que maneira. Dançava-se menos, os circle-pits eram constantes, e a banda sem dúvida deixou tudo o que tinha em palco. Sem dúvida o melhor concerto que vi da banda. Notou-se ainda a diferença no público sempre que se tocaram músicas do álbum mais recente, que de certa forma, até surgiu como uma boa surpresa no percurso que a banda tem feito. As vozes de toda a sala uniram-se para cantar o original de Cock Sparrer, agora adaptado para Boston. “Boston Belongs to Me” é sempre uma festa, e dá gosto ver como o pessoal curte este som, saltando e cantando sempre com um sorriso de puto na cara. Óptimo concerto, que facilmente superou as minhas expectativas.


Terror. Duro, muito duro!
A sala escurece, e ao estilo do inicio do MCD de Steal Your Crown, começa um beat pesadão que sufocou todo e qualquer um que estivesse dentro daquela sala. O beat esmurece, o baixista vem na frente de óculos escuros, e atrás dele todo o resto da banda. Bateria e guitarras aceleram! “Lowest of the low”!!! A chapada instala-se na sala, dou 3 passos atrás, e sem saber de onde, sou arrastado para o meio do pit. Se não os consegues vencer, junta-te a eles. Foi provavelmente das entradas mais brutas que alguma vez vi num concerto. Com álbum novo ainda a ser preparado em estúdio, não esperava grandes novidades na setlist da banda. Tal como eu gosto, foram temas atrás de temas dos dois primeiros full-length da banda. Se antes o stage dive não tinha sido uma opção muito usada, aqui voavam pessoas do palco de 5 em 5 segundos. A conversa do costume sobre o concerto estar a ser “um dos melhores da tour até agora”, pareceu-me de tal maneira verdadeira, que não imagino uma performance conjunta de banda e público melhor que esta. Se em Portugal o último concerto foi 8, ali foi 80. Os clássicos do “One With the Undergods” e do “Lowest of the Low” estiveram lá todos, e cada um deles com uma dimensão animalesca. A merecer nota por parte do Scott Vogel, foi a importância de não estarem (ou pelo menos aparentava) gajos de extrema-direita por aquelas bandas. A salva de palmas que se seguiu falava por sí - “No Hardcore não há espaço para essas pessoas!”. Fazendo o devido spoiler alert, este foi o melhor concerto da noite, e provavelmente o melhor concerto de Hardcore em que alguma vez estive presente.


Madball. New York finest Hardcore!
Este foi um concerto que explica o porquê desta banda continuar a ser a predilecta do meu coração. Ainda que o concerto de Terror tenha sido o melhor da noite, este foi sem dúvida o melhor concerto que vi de Madball. Após tantos anos disto, a energia continua lá! “Demonstrating My Style” foi o sinal de partida para se instalar o caos entre o público. Para meu delírio, também aqui a banda resolveu abrir o baú e sacar lá de dentro todos os clássicos possíveis. Respirava-se ar das ruas de Nova Iorque em Colónia. “Set it Off”, “Smell the Bacon”, “Get Out”, “Streets of Hate”, “Across Your Face” meteram o público em completo estado de histeria. E por falar em público, tenho que mencionar novamente o vocalista de Cruel Hand. Tanto em Terror como em Madball, este rapaz parecia que tinha o diabo no corpo! Se houvesse competição de stage dives, com certeza ele seria o vencedor. A última vez que o vi, tinha acabado de dar headwalk de provavelmente uns 5 passos. Para o último tema da banda, o microfone foi partilhado por 3 vocalistas – Freddy e ambos os vocalistas de Cruel Hand e DBD. Escusado será dizer que passados 30 segundos da “Times Are Changing” o público invadiu o palco por completo. Terminou em beleza, quase que me sentia em casa.



Ainda que não tenha tido o prazer de assistir a esta noite com amigos do meu lado, esta foi provavelmente a melhor noite de concertos em que estive presente. Um big up para o público alemão, que se revelou em tudo superior ao público que tenho apanhado na Holanda. De Colónia levei sem dúvida as melhores memórias.

1 comentários:

Ema disse...

boa review. tenho que prestar mais atenção a cruel hand a ver se é assim tão bom como falas ;).

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