terça-feira, 23 de junho de 2009

22 de junho, musicbox lisboa - RS + FTG + NTB + DT


Foram dias e dias de preparação para o mood ideal para este concerto. Flyers, promo vídeos, muita passagem de palavra, muita euforia em torno das bandas que iriam tocar. Tudo bem feito. À porta da Musicbox cheirava a ansiedade e expectativa. À entrada para a sala iam sendo “barradas” rivalidades, picardias, e más disposições. O dress code para esta noite implicava, amizade, união, alegria, e muita, muita energia a correr nas veias. Dois dos maiores pesos pesados do Hardcore nacional, os habitués holandeses, e uma Ameaça de Morte vinda directamente dos States. Não dava para pedir mais que isto, e como tal, tivemos casa cheia na sala do Cais do Sodré.

Ainda com pessoal à porta para entrar, coube aos Reality Slap abrir as portas para o Inferno dentro da Musicbox. A demência do público nos concertos destes senhores já não é novidade, e ontem, tivemos mais uma prova do valor desta banda ao vivo. Hardcore puro e duro que demorou menos de uma faixa para meter tudo em alvoroço. O caos estava instalado quando de repente se deixa de poder ouvir a voz do vocalista devido a problemas técnicos. A situação parecia irremediável. Terminar o concerto? No way! Hell with it! Não canta o vocalista ao microfone, canta todo o público em uníssono! E foi o que aconteceu. Numa perfeita comunhão entre todos os presentes, não se deixou a festa parar, e cantou-se uma nova música do princípio ao fim. Para grande satisfação da banda e dos presentes, viram-se resolvidos os problemas técnicos, de modo a que continuaram a ser distribuídas chapadas de realidade durante mais duas ou três faixas, onde houve ainda tempo para arrepiar os pelos do braço com uma cover de Madball. Tomara as aberturas de noite serem sempre como esta.

O aquecimento tinha sido mais que bom. Chegara a vez da banda do maior responsável pela organização desta noite, entrar em palco. Começa a ficar complicado adjectivar os concertos em que os For the Glory participam. A tocarem para o seu público, diria que se batem de igual para igual com os maiores nomes internacionais que por cá passam. Se ainda hoje se fala da mítica noite no Clube Lua, certezas não me faltam de que daqui a anos se falará também da mítica noite no Musicbox. Entre "Drown in Blood" e "Survival of the Fittest" todos cantaram as faixas do princípio ao fim. A confusão, essa, já se sabe que foi mais que muita. Reflectida nos rostos da banda, estava a satisfação com que ali estavam a tocar, aliás, penso que será impossível uma banda não se sentir motivada a tocar para um público como o de ontem. Enfim, mais uma performance gigante, que se resume numa frase que ecoou entre as 4 paredes daquela sala – “HARDCORE É LINDO! E ISTO, É HARDCORE!”.

Já acostumados aos palcos portugueses, os No Turning Back foram a primeira banda estrangeira a prestar provas. Bom, se o que se tinha passado antes tinha sido de grande nível, o que dizer deste concerto? Para mim, o melhor concerto da noite. Ainda que a banda não fizesse sentir aquela pica de estar a ver algo novo, o público fez questão de mostrar o melhor da hospitalidade portuguesa. Pareceu-me um set bem escolhido e do agrado da maioria dos presentes, pese embora continue a achar que o "Revenge is a Right" podia ter sido mais bem explorado. A habitual frase “este é o melhor concerto que demos nesta tour” pareceu-me incrivelmente verdadeira e sentida, dado o momento que se estava a viver. Martijn, um verdadeiro monstro em palco, fez questão de expressar a sua admiração por estar a assistir a uma noite assim a uma 2ª feira, o que naturalmente levou a um aplauso enorme por parte dos presentes. Foi um puro show de Hardcore. Como já vinha sendo habitual em ambos os concertos anteriores, tivemos dezenas de stage dives, headwalks, slam dance, ninjas mascarados a espalhar o caos duma ponta à outra da sala, crowd surf, singalongs, enfim, tudo aquilo que um concerto de Hardcore deve ter. Terminar dizendo que qualquer coisa de mal que se possa falar sobre este concerto, rapidamente é apanhada por uma gigante ” Web of Lies”.

Havia chegado a vez dos cabeças de cartaz. Era a primeira vez que os Death Threat iam tocar em Portugal, e assim sendo, todos entre público queriam dar uma boa imagem de como se vive o Hardcore por estas terras. A banda abriu a matar com um par de faixas capaz de entusiasmar os que seguem a banda à mais tempo. Há no entanto que dizer, que não foi a última banda a proporcionar o melhor concerto da noite. Talvez devido à loucura dos 3 concertos anteriores, quis-me parecer que os Death Threat actuaram de uma forma um pouco inibida. A garra do concerto anterior certamente fez puxar as minhas expectativas para cima, e talvez por isso, não tenha ficado extasiado com este último concerto. Mas atenção, foi um show longe de poder desiludir alguém! O set apresentado, apesar de curto, despoletou “moshada” com fartura. De uma ponta à outra da sala, viam-se braços no ar acompanhando os constantes singalongs. Digamos que não foi um concerto de superar expectativas, mas que, ainda assim, se encaixou na perfeição dentro ambiente criado durante toda a noite.

Ainda que esta review já vá longa, não poderia terminar sem exprimir a minha gratidão pelo maior responsável pela organização deste concerto. Pouco ou nada tem a provar a quem quer que seja, e ontem, mais uma vez, o Ricardo (Congas) deu uma demonstração do que a o amor à camisola, a vontade e o querer são capazes de fazer. Resultado do esforço de muitos que constantemente trabalham para enriquecer o Hardcore em Portugal, tivemos ontem uma verdadeira lição daquilo que o Hardcore é e significa. Espírito DIY elevado ao mais alto nível. Fica a lição para grandes promotoras poderem estudar mais tarde. Sem dúvida das melhores noites de Hardcore dos últimos anos em Portugal.

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