terça-feira, 26 de maio de 2009

sunn o))) – monoliths and dimensions


Eles voltaram, e com estes todo o hype que gira em torno de uma das bandas mais negras e circunspectas que ouvi. Três anos depois da brilhante parceria com Boris, e de colocarem o nível de expectativas ainda mais lá em cima, ainda não é desta que desiludem.

Quem já conhece Sunn O))) não irá ter surpresas de maior neste “Monoliths and Dimensions”. Para quem não os conhece, tudo o que aqui se passa soará estranho, a roçar o desagradável, e vai ter o cabo dos trabalhos para interiorizar, e, porventura, gostar do que ouve.
Ao longo de sombras e nuvens somos convidados a entrar num esquecido barco tão naufragado quanto fantasmagórico, catedrais majestosas onde vozes das catacumbas dão o mote para rituais, imagino, pouco simpáticos, e becos onde funcionamos como cegos à procura de uma parede de apoio ou de um esgar de luz que não existe. É fácil ficarmos desorientados. Há a sensação recorrente de que somos transladados para dentro de um filme de terror pincelado com cores místicas e ambientes de cortar à faca. Tudo é feito com uma subtileza pouco vulgar, mas que é mais que habitual nestes senhores.
Há pormenores e arranjos deliciosos, como o estalar da madeira ao sabor do mar, ou sinos a reclamarem um silêncio pouco confortável. Sublime a forma como fecham o disco com um trombone a contemplar paisagens jazzísticas e inesperadamente pacíficas e ordeiras.

Profundamente áspero e incómodo, mas igualmente épico e hipnotizante. Os Sunn O))) não enganam. Continuam a lançar discos que vão para além de qualquer senso musical estabelecido, e proporcionam ruidosas novas experiências a quem para aí estiver virado. Inusitado, intenso e sinistro.

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