terça-feira, 12 de maio de 2009

men eater – vendaval


Posso dizer, com mais ou menos certeza, que era este o lançamento nacional que mais ansiava pôr os ouvidos em cima desde há uns bons meses para cá. “Hellstone” foi, e é, monstro. Surpresa que levou muito boa gente a considerar o álbum um marco nos tempos que correm, no que diz respeito à nossa cena underground. Fasquia demasiado alta? Talvez. Neste “Vendaval” os Men Eater contornam-na não por cima, mas pelo lado.

Isto porque que não há muito para comparar entre este segundo registo e o primeiro. Se no “Hellstone” cuspia poeira quando o acabava de ouvir, aqui a banda aparece de cara lavada, mais vistosa, e, em certa medida, menos pesada. Expoente máximo deste asseio que vos falo é a voz do Miguel, mais melódica e perceptível, ao contrário dos tons crus a que me habituei. Franzi o sobrolho.
Nada de grave. O álbum começa muito bem. “First Season” é um sem-vergonha. Avança confiante, consegue ser rude e voluptuoso, ora com riffs cortantes, ora com back vocals que mais parecem miminhos. É o Rock como se quer. “Man Hates Space” torna-se um assombro em menos de nada. Buracos negros puxam-nos para headbangs balanceados e cantorias desmedidas. Last chance, last day, all that’s left taken away. Sintonia perfeita. Dois minutos de Doom pesadão separam este tema de “Drunk Flies Drugged Souls”, coisa inspiradíssima de princípio a fim, onde se desmarca uma melodia do mais sonante que aqui se pode ouvir e que gosta de se lamentar entre momentos calmos e outros de explosão.
Estamos a meio do álbum e perde-se algum fulgor. Chego a dispersar-me a certa altura, talvez ainda abananado com o que ouvi antes. Não que os temas estejam lá para “encher chouriços”, longe disso, mas não conseguem partilhar do mesmo interesse dos seus antecedentes. Ainda assim, e ainda a tempo, chega-nos mais uma beldade chamada “Medusa”, que mais parece um qualquer rito a chamar, e a precaver, ventos e tempestades que se traduzem num desfile de riffs muito bem apessoados. Finalmente “Dead at Sea”, e uma onda sonora a fazer lembrar Doomriders que para mim cai que nem ginjas.
Trivialidade: Makoto Yagyu dos If Lucy Fell continua ao comando da produção. Curiosidade: Valient Himself dos Valient Thorr tem uma pequena participação na “Man Hates Space”.

Descomplexado e objectivo, este “Vendaval” dá-nos menos Sludge para a carola e mais Rock para abanar o corpo. Embora não tenha aquele travo sujo que eu tanto gosto e que achei peça fundamental no “Hellstone”, a banda mantém intacta uma identidade que a si naturalmente lhe pertence e que se reconhece a léguas. E é esse o maior trunfo destes rapazes.

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2 comentários:

Vanessa disse...

epa adorei a review!
tenho estado a ouvir o album e concordo em muitas coisas que dizes.a voz do miguel esta muito melhor é verdade e acho o album um abuso!

Anónimo disse...

Boa review

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